sábado, 3 de janeiro de 2009

Papo de boteco


Diferencie mitos e verdades quando o assunto são bebidas alcoólicas

Ficar de ressaca porque exagerou na dose e, de quebra, ganhar quilos extras é tudo o que seu corpo não precisa. Para evitar isso, fique de olho na sigla GL, presente no rótulo de cada bebida: é ela quem indica o teor alcoólico do que você está consumindo — além, é claro, de reparar a quantidade de calorias e maneirar no consumo.

“Quanto maior a quantidade de álcool ingerida, maiores são os prejuízos para a saúde, principalmente para o cérebro e o fígado”, alerta a nutricionista Fabiana Honda, da consultoria nutricional Patrícia Bertolucci.

Saber as diferenças entre bebidas alcoólicas também é importante na hora da escolha. Chope, cerveja e saquê, por exemplo, são obtidos a partir da fermentação de açúcares (frutose e glicose) contidos em frutos, cereais, grãos, tubérculos e cactos ação realizada por microorganismos chamados leveduras.

Da destilação dos fermentados, surgem bebidas com maior porcentagem de álcool, como aguardente, whisky, gim, vodka e outras. “As bebidas fermentadas têm menor quantidade de álcool e de calorias do que as destiladas. Portanto, numa dieta de emagrecimento, elas são preferíveis em relação às destiladas”, explica Fabiana.

Para não errar na dose e acumular prejuízos ao organismos, descubra aqui as verdades e mentiras das bebidas alcóolicas mais famosas.

1. Cerveja engorda mais do que vodka.
Falso. Um copo (240 ml) de cerveja contém 101 Kcal, enquanto que 200 ml de vodka carrega exorbitantes 480 calorias. A cerveja também tem menor concentração de álcool do que o destilado. Possui de 3 a 5 GL contra 37,5 GL da vodka. “A bebida fermentada contém pequenas quantidades de algumas vitaminas e minerais como vitamina B6, niacina, folato. Porém, o consumo excessivo pode causar obesidade e embriaguez”, diz Fabiana Honda.

2. Vinho tinto é mais saudável do que vinho branco.
Verdadeiro. O vinho tinto é sempre produzido a partir das uvas roxas, enquanto os branco é procedente das uvas brancas ou roxas. A diferença é que, quando vinhos brancos são produzidos com uvas escuras, a casca da fruta é removida antes de terminar a fermentação do suco. E é na casca da uva que mora a maioria dos compostos que são benéficos à saúde.

Como o vinho tinto fica mais em contato com a casca, ele traz mais vantagens ao organismo do que o branco. Ele possui doses generosas de flavonóides, um antioxidante capaz de diminuir os riscos de doenças cardiovasculares, reduzir a incidência de tumores e auxiliar na absorção de minerais como cálcio, magnésio, fósforo e zinco.

Mas não precisa encher a taça para esbanjar saúde. Os benefícios são usufruídos com duas taças para homens e uma taça para mulheres. Até mesmo essa bebida santa tem os seu inconvenientes: pode causar alergia, enxaqueca e, em casos extremos, derrame cerebral. Seu consumo excessivo pode atacar o fígado.

3. Chope e cerveja têm as mesmas calorias
Falso. As duas bebidas estão muito próximas na corrida calórica, o chopel ainda leva vantagem. Uma tulipa de 150 ml tem 90 kcal e um copo de cerveja (100 ml) contém 41 kcal. Ambos têm pequenas doses de vitamina B6, niacina e folato.

4. Aguardente e cachaça são a mesma bebida.
Falso. A aguardente de cana é diferente da cachaça basicamente pela origem da matéria-prima. Enquanto a aguardente é feita diretamente do destilado da cana, a cachaça é extraída a partir do melaço resultante da produção do açúcar de cana. Um copo (100 ml) de aguardente tem 231 kcal, mesma quantidade de calorias da cachaça.

5. A Batida de Maracujá fica mais leve se for feita com aguardente.
Falso. A não ser que você queira acordar com uma baita dor-de-cabeça no dia seguinte, a aguardente não é indicada como substituto da vodka, pois seu teor alcoólico é mais elevado e a quantidade de calorias também. O teor alcoólico da aguardente varia de 38 a 54 GL enquanto da vodka é de 37,5 GL. A adição do leite condensado na batida aumenta o aporte calórico da bebida tornando-a a opção mais engordativa de todas. Por outro lado, sua presença pra lá de açucarada diminuiu a velocidade em que o álcool é absorvido pelo organismo.

6. Mojito é mais fraco do que o whisky.
Verdadeiro. O Mojito é uma tradicional bebida cubana que leva rum, club soda, folhas de hortelã, limão e açúcar. É menos calórico que o whisky e com teor de álcool menor, pois o rum (40 a 50 GL) é diluído na Club Soda.

Já o companheiro escocês, o whisky, apresenta teor de 40 GL O ideal seria tomar com gelo ou misturar um pouco de água para diminuir o teor alcoólico. “Bebidas com açúcar e diluídas são melhores para a saúde, pois atrasam a absorção de álcool pelo organismo. Quando o álcool entra rapidamente na corrente sangüínea, não há tempo suficiente para que ele seja metabolizado. Dessa forma, ele chega ao cérebro causando alguns prejuízos como diminuição da coordenação, do reflexo e da capacidade de raciocínio”, avalia a nutricionista Fabiana Honda.

7. Posso tomar Bloody Mary sem comer antes e não fico bêbado.
Falso. Tudo bem que o Bloody Mary leva suco de tomate, mas não é isso que faz dele um coquetel ultranutritivo. A bebida pode até fazer mal para quem tem problemas gástricos, pois além do álcool, contém grande quantidade de condimentos como tabasco, molho inglês, pimenta e suco concentrado, que podem ser irritantes para a parede do estômago. “Nenhuma bebida alcoólica, exceto vinho tinto, pode ser considerada saudável. O tomate contém benefícios à saúde, mas recomenda-se consumi-lo acompanhado de algum alimento e não de uma bebida alcoólica”, diz Fabiana.

8. Espumantes do tipo Prosseco são tão bons como o vinho branco.
Verdadeiro. Prosecco nada mais é que tipo de vinho branco espumante. Uma taça contém 85 kcal. É feita a partir das uvas também chamadas prosecco, da família das Vitis Viniferas, originária da região do Veneto, Itália. A bebida apresenta substâncias antioxidantes, mas em menor quantidade que o vinho tinto.

9. Caipirinha engorda mais do que a cuba-libre.
Verdadeiro. Meio copo da brasileirissíma caipirinha feita com limão, pinga e açúcar tem 274 Kcal. Já um copo de cuba com coca-cola normal tem 190 kcal o número cai para 110 kcal se a bebida for feita com refrigerante light. Nem a caipirinha feita com adoçante consegue ser menos calórica que a cuba. Fica com 231 Kcal. Na cuba-libre, o acréscimo de coca-cola aumenta a quantidade de calorias da bebida, porém a quantidade de açúcar presente no refrigerante ajuda a diluir o álcool.

Fonte: Minha Vida

Conflito entre israelenses e palestinos chega ao mundo virtual

São Francisco - Hackers árabes modificaram 10 mil páginas israelenses, afirma pesquisador de crimes online da Universidade do Alabama.

A onda de violência que assola a Faixa de Gaza e já deixou mais de 400 palestinos mortos já respinga no mundo virtual. Desde sábado passado, milhares de páginas israelense foram apagadas ou “pichadas” por grupos de hackers do Marrocos, Líbano, Irã e Turquia, disse Gary Warner, diretor de pesquisa em perícia digital da Universidade do Alabama.
No lugar dos sites originais, os hackers colocam mensagens condenando os EUA e Israel pelos ataques, além de colocarem fotos de pessoas mortas e outras cenas de violência registradas na Faixa de Gaza. Nenhum site oficial de Israel, porém, foi atacado pelos hackers.
Os ataques israelense contra os palestinos começaram no sábado passado (27/12), em resposta aos ataques de militantes do Hamas, que lançaram foguetes contra assentamentos israelenses. Os ataques online começaram logo depois. Segundo Warner, cerca de 10 mil páginas foram hackeadas. Um hacker cujo apelido é Cold Z3ro afirma ter atacado cerca de 5 mil páginas web.
A comunidade hacker muçulmana começou a se organizar em 2006, quando hackers muçulmanos atacaram centenas de páginas dinamarquesas. Os ataques começaram após a publicação de charges do profeta Maomé, fundador do Islã. À época, um desses grupos hackers tinha apenas 70 usuários. Hoje, esse mesmo grupo tem mais de 10 mil integrantes, disse o pesquisador.

Robert McMillan, do IDG News Service, em São Francisco

Obama

ROBERTO DaMATTA

Trouxe de volta o festival de bandeiras americanas despertado pelos ataques de 11 de setembro. No momento mesmo em que as autoridades tratavam de ordenar o caos que a brutalidade terrorista provocava, acabaramse os estoques de bandeiras americanas. Fato que a imprensa brasileira interpretou, como não podia ser de outro modo, à brasileira. Seria um surto de nacionalismo.
Na época, eu de lá escrevi uma crônica argüindo que a bandeira era o único símbolo nacional dos Estados Unidos. Não tendo sido uma monarquia (como ocorreu na Europa), tido uma religião oficial (como foi o caso do Brasil) e não tendo sofrido a terrível experiência de ditaduras que seqüestram do povo seus símbolos nacionais; na América, era bandeira de listras e estrelas, e não a cruz de cristo, os leões, grifos, dragões, ou as suásticas, estrelas vermelhas, e a foice e o martelo que representavam o seu lado comunitário mais inclusivo — a sua visão e si como uma pessoa ou indivíduo coletivo. Como nós fazemos com os times de futebol, mantendo com eles uma lealdade que vai além da religião, do casamento e até da sexualidade, os americanos jamais trocaram de bandeira. A guerra civil apenas consolidou o pendão vencedor da “união” que, entre eles, é uma palavra forte, porque a vida cívica americana segue de baixo para cima — o local tendo uma autonomia que causa náusea em qualquer funcionário federal brasileiro. Daí o estranhamento com o sistema eleitoral americano de votação dupla e, ainda por cima, sem a boa centralização de um Supremo Tribunal Eleitoral.
Foi essa multidão de bandeiras americanas que me impressionou quando Barack Obama foi declarado vencedor.
No ritual da vitória, os seus eleitores tinham nas mãos as bandeirinhas nacionais, e não dísticos partidários, como ocorre nas eleições brasileiras. Entre nós, a política partidária ainda terá de aprender a curvar-se diante do poder nacional que pertence ao povo e ao país e deve ser o foco de todos.
Obama me lembra as idéias de um antigo ensaio escrito pelo sociólogo Robert Bellah, em que ele falava de uma “religião civil na América”. Um sistema de crenças no qual o cívico, e não apenas o político, faz com que os presidentes retomem o papel de pastor ou ministro, mostrando, como faz Obama, que o presidente é, sem dúvida, um escolhido, mas fica longe de ser um salvador da pátria. Mas eis que as bandeiras assinalam como o componente messiânico pode pipocar também pelo lado de lá. Os discursos medidos revelam um Obama disposto a controlar a dimensão carismática do papel de presidente.
A meu ver, ele continua a enfatizar muito mais a estrutura e a burocracia quando abandona a plataforma racial para definir-se, como afirmei numa outra crônica, de modo anti-romântico e universalista.
Como um americano que é, entre outras coisas, negro; e não como um negro-americano. Lembro, invocando uma lição do antropólogo Louis Dumont, que os universalistas diziam ser, primeiramente, seres humanos e casualmente franceses. Já os românticos e particularistas, definindose de modo inverso, afirmavam ser homens justamente porque eram, primeiramente, alemães...
A eleição de Obama é um evento magno num país que, no que diz respeito aos negros, colocou-se contra o seu credo cívico de igualdade e liberdade.
Obama, o novo comandanteemchefe, o novo Número Um, é membro do grupo que mais sofreu com a perversão racista, pois a segregação étnica que inferiorizava e roubava humanidade e cidadania ocorria justamente na sociedade que mais havia instituído a igualdade como um valor. Como diz Gunnar Myrdal, no livro “An American Dilemma: The Negro Problem and Modern Democracy”, um estudo clássico, infelizmente não traduzido e pouco conhecido no Brasil, o credo igualitário americano, atua em duas direções. De um lado, ele opera para suprimir o dogma da inferioridade racial; mas, do outro, ele é pervertidamente chamado à cena para romper com essa igualdade.
O “dogma da raça” somente surge com tanta força e consistência, acentua Myrdal, numa sociedade que leva realmente a sério o igualitarismo.
Não fosse a igualdade um credo firmemente estabelecido, não haveria necessidade de um racismo tão sério, explícito e consistente. Mas numa sociedade consistentemente igualitária, o racismo é o recurso ideológico paradoxalmente chamado a inferiorizar o negro na sua inserção na comunidade que se define como branca. O racismo seria uma perversão do igualitarismo e do credo democrático.
É por isso que Obama me trás de novo à cabeça uma já invocada equação entre eleição e alteridade. Pois eu não posso deixar de pensar naquela súcia de red-necks racistas que, aqui e ali, em Cambridge, Massachusetts; em Elizabeth City, North Carolina; e Madison, Wisconsin; na californiana Berkeley e na Notre Dame de Indiana, eu tive o desprazer de encontrar.
Este hesitou em cortar-me o cabelo; aquele queria me obrigar a dar cursos idiotas; um outro consideravame um híbrido ou mestiço impuro, perigoso e sexualmente carregado; a maioria não me acreditou capaz — porque não era inglês ou francês — de ter feito obra e ser recipiente de uma cátedra. Todos devem estar nessa América parida pela eleição de Obama, remoendo seus ressentimentos contra o sistema que eles herdaram e pensam que honram.

Quem come quem

NELSON MOTTA

Em inglês, francês, espanhol, italiano, alemão ou japonês não existe uma expressão equivalente a “comer”, significando relação sexual.
Só em português, mais especificamente em brasileiro.
Aqui, o macho predador não faz amor ou apenas sexo: devora a sua presa. Mas depois do feminismo as brasileiras modernas também adotaram a expressão para suas conquistas.
Surpresos e intimidados, os homens ouviram a temida e desejada ameaça: vou te comer! Certamente essa expressão tão brasileira está em sintonia com o conceito de “antropofagia cultural”, lançado por Oswald de Andrade em 1928 e retomado no transe de 1968.
Na época, acreditamos fervorosamente que o nosso destino e vocação— desde 1556, quando o bispo Sardinha foi comido pelos caetés — era devorar a cultura colonizadora, digeri-la e transformála em brasileira e revolucionária.
Em 2008, no mundo globalizado e interligado, com as culturas nacionais interagindo e se misturando, com a fusão de linguagens e gêneros, com os samplers, a computação gráfica e todas as maravilhas da era da informação e das comunicações, não há nada mais anacrônico do que a idéia de antropofagia cultural. Porque hoje qualquer cultura nacional come e é comida, querendo ou não: a “antropofagia” é inevitável e óbvia.
Quanto tempo perdido teorizando sobre Villa-Lobos ou Tom Jobim “comendo” Bach, Debussy ou Cole Porter para produzir uma música brasileira internacional.
Ou Niemeyer degustando Le Corbusier para inventar a arquitetura moderna. Ou Nelson Rodrigues pumamando em Dostoiévski para criar uma dramaturgia tijucana e universal.
A pobre cultura nacional, provinciana e colonizada, ou “antropofágica e antiimperialista”, não tem nada com isso: os méritos são exclusivamente do talento individual desses raros criadores nativos.
Poucos acreditaram tanto nessa bobagem de “antropofagia” como eu. Levamos a sério a piada do velho Oswald, por ela aceitamos muita empulhação. Quantas vezes diverti amigos estrangeiros, embora falasse a sério, exaltando essa esdrúxula teoria como um diferencial da arte brasileira. Como se pode ser tão bobo tanto tempo?

Corruptos! Somos líderes

O Google está de olho em todos nós

 

Estamos sendo observados

O Google começou como um serviço de buscas na internet,
tornou-se a maior multinacional do mundo virtual e agora
mira na digitalização de todo o conhecimento e na
identificação dos hábitos de 710 milhões de pessoas


Paula Neiva, de São Francisco

O que uma empresa pode querer depois de conquistar o quase monopólio em seu ramo de negócios? O Google tem uma resposta implacável: buscar ser ainda maior e atingir o domínio global em uma escala jamais vista antes em qualquer outro campo da atividade humana, seja político, seja militar ou cultural. É um delírio de grandeza? Longe disso. Pelo que já mostrou nos dez primeiros anos de vida, o Google, de longe a mais popular ferramenta da internet, tem a vontade e os meios de atingir seus objetivos. Um em cada nove habitantes do planeta, ou 710 milhões de pessoas, recorre a seu serviço de busca pelo menos uma vez a cada mês. São pessoas de todas as idades, níveis de renda, nacionalidades, etnias e religiões que têm em comum o fato de viver no mesmo planeta e usar o Google. Se todas se dessem as mãos, formariam um cinturão humano extenso o suficiente para dar 31 voltas ao redor da Terra. Em seu auge, nos anos 60, a General Motors, a maior empresa do mundo real e que hoje pede socorro ao governo para não fechar as portas, fabricava metade dos automóveis americanos. Pois o Google tem 71% do mercado de buscas on-line nos Estados Unidos. No mundo, tem 60%. Do restante, 20% é dividido igualmente entre o Yahoo! e o Baidu, o site mais popular na China, em idioma mandarim. Sobram apenas 20% para todos os demais concorrentes. O gigante quer mais – e seu modelo de negócio, que combina a ambição desmedida com uma visão generosa do mundo, favorece a expansão sem maiores resistências.

Em poucas palavras, o Google visa a digitalizar e a armazenar toda a informação do mundo de modo que ela possa ser utilizada gratuitamente por qualquer pessoa com acesso à internet. Em troca de serviço tão meritório, a empresa quer todos os dados que seus usuários possam fornecer sobre hábitos de consumo e, a partir disso, conquistar toda a verba de publicidade disponível na rede. Seus projetos são tão formidáveis em extensão e os custos previstos tão elevados que parecem ser desenvolvidos não por uma empresa, mas por um país. Recentemente, o Google associou-se a outras duas companhias para a instalação de um cinturão de dezesseis satélites, que ficarão fixados na órbita geoestacionária sobre a linha do Equador. O projeto, chamado de O3b (sigla em inglês de "os outros 3 bilhões"), vai oferecer internet de alta velocidade sem fio a 3 bilhões de pessoas que moram em países pobres ou em desenvolvimento, principalmente na África, e que não têm acesso à internet por completa ausência de infra-estrutura. Esse talvez seja o empreendimento que melhor encarna a paradoxal mistura de ambição e generosidade do Google. Esses "outros 3 bilhões" vão se tornar instantaneamente cidadãos digitais e, por mais baixa que seja sua renda, vão entrar no radar do Google e de seus anunciantes.

Divulgação

Clima de festa
Escritório do Google em Zurique : descontração no ambiente e mordomias como personal trainers pagos pela empresa

Outro projeto liderado pelo Google visa a triplicar a capacidade de troca de dados entre os Estados Unidos e o Japão com a instalação de 10 000 quilômetros de cabos submarinos de fibra óptica, ao custo de 300 milhões de dólares. Um terceiro projeto consiste em usar navios para abrigar parte dos servidores da empresa, que seriam alimentados pela energia gerada pelas marés e pelas ondas. O objetivo é melhorar o serviço em regiões com pouca infra-estrutura, com a vantagem de reduzir os gastos com impostos municipais e aluguel de imóveis.

A marca colorida do Google está em toda parte. A empresa se prepara para oferecer um serviço de fotos de alta resolução, feitas por satélites, de qualquer canto do planeta. Pretende colocar na rede o texto integral de todos os livros de todas as bibliotecas do mundo – inclusive edições esgotadas. Planeja se tornar o principal fornecedor de vídeos on-line. A compra do YouTube, em 2006, que tem 5 bilhões de acessos por mês nos Estados Unidos, foi o primeiro passo nessa direção. Também investe pesado na tecnologia celular. Seu pacote de programas é igualmente enorme, incluindo e-mail, agenda e processador de texto, em aberto desafio ao império da Microsoft. O império do Google é imbatível? Fizemos essa pergunta ao matemático e físico Vinton Cerf, que, antes de se tornar vice-presidente do Google, já estabelecera a reputação de ser um dos pais da internet. Cerf criou simplesmente o idioma comum e as regras através das quais todos os computadores da internet falam entre si e permitem que cada um deles tenha um número de identificação único enquanto estão plugados. Esse sistema é conhecido como TCP/IP. A resposta de Vinton Cerf é digna de um inovador: "O Google é líder de mercado por mérito. Mas é preciso lembrar que há apenas dez anos ele não existia. A internet mostra que tem fôlego para criar muitas oportunidades, pois continua sendo um ambiente aberto. O YouTube e o Skype surgiram do nada e se transformaram em grandes sucessos. O tamanho do Google nesse mercado não garante nada. Na verdade, isso nos coloca mais um desafio, pois é preciso investir sempre mais capital para que tudo funcione bem".

O Google já está no celular, na casa e no escritório. Mas a expansão se deu num ambiente econômico favorável. O que acontecerá agora que os indicadores apontam para baixo? Desde que a crise estourou, em setembro, o Google tem procurado seus clientes para explicar que a internet não é à prova de recessão, mas os anúncios on-line podem ajudá-los a resistir aos maus tempos. Para sustentar tal argumento, usa pesquisas que demonstram três tendências mundiais: a audiência crescente da internet, o aumento da confiança pública nas informações on-line e o crescimento do e-commerce. O Google detém 30% do faturamento com anúncios na internet nos Estados Unidos, o dobro do que tinha em 2004. Nesse período, seus principais concorrentes, Yahoo!, MSN e AOL, perderam participação no mercado. Mesmo em tempos de crise, as previsões para o mercado publicitário on-line são menos sombrias que para as demais áreas. De acordo com a consultoria americana eMarketer, especializada em mídia digital, o mercado de publicidade on-line nos Estados Unidos deve crescer 8,9% em 2009, mesmo com a recessão americana. Uma das vantagens dos anúncios on-line é que eles permitem saber, com precisão, quantas pessoas os viram e o que estavam lendo ou vendo na internet quando clicaram neles.

Fotos Jason Madara e Ben Margot/AP

Criadores e criatura
Os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page: "É possível ganhar dinheiro sem fazer o mal". À esquerda, a todo-poderosa Nicole Wong: ela decide em que países o Google aceita se submeter às leis locais

Uma nova tecnologia só tem vida longa quando se torna indispensável. Para milhões de pessoas, uma sessão na internet começa pela caixa de diálogo do Google. Isso faz dele um tipo de gênero de primeira necessidade. O acesso fácil a um banco de dados jamais visto na história do conhecimento humano é definido pelo americano Brewster Kahle, fundador do site The Internet Archive, como "a biblioteca de Alexandria de nossa era". Essa é a melhor explicação para a espetacular escalada de sucesso do Google desde que foi criado, há apenas dez anos. A empresa nasceu num fundo de garagem, como um modesto serviço de buscas idealizado por Larry Page e Sergey Brin, dois estudantes de computação da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Em menos de cinco anos já era a maior ferramenta do mundo de buscas na internet, deixando para trás concorrentes como Yahoo! e AltaVista, que já valiam milhões de dólares quando o Google foi lançado. O site Google BookSearch já registra 7 milhões de livros publicados em formato digital. Até 2011, a empresa pretende oferecer 15 milhões de livros do acervo das maiores bibliotecas americanas e européias. Esse acervo, que não cessa de engolir novas aquisições, é, por assim dizer, a escada do sucesso. "O Google, como site, é entediante. A razão de ter se tornado uma das empresas mais bem-sucedidas e relevantes do mundo é o conteúdo formidável que ele acumula", disse a VEJA Brian Fetherstonhaugh, CEO mundial da OgilvyOne, agência especializada em publicidade digital, com sede em Nova York.

O sucesso arrebatador do Google deve-se, em grande parte, à eficiência do modelo matemático criado por Page e Brin, cuja capacidade de ordenar os resultados da pesquisa na página de busca mostrou-se superior à da concorrência. O Google mantém cópias do conteúdo de milhões de sites sobre os assuntos mais procurados. Essas cópias são chamadas de sites-espelho e servem para apressar o processo de busca. Para manter esse banco de sites atualizado, o Google pesquisa periodicamente o conteúdo de 1 trilhão de sites. O PageRank (ranking de páginas, um trocadilho com o sobrenome de Larry Page) avalia mais de 200 características de cada um dos sites arquivados no banco de dados da empresa. Entre os critérios estão: número de acessos ao site, quantos links ele abriga para outras páginas e há quanto tempo o site está no ar. A seguir, essas informações são cruzadas com o tema da pesquisa, de maneira a apresentar primeiro os sites mais confiáveis que combinam com as palavras-chave. Para efetuar esse trabalho, o Google conta com 1 milhão de servidores espalhados pelo mundo.

No Brasil, nove em cada dez pesquisas são feitas no Google. O seu site de relacionamentos Orkut também é enormemente popular no país. Segundo um estudo recém-divulgado pela consultoria comScore, os 21 milhões de brasileiros que acessaram o Orkut em setembro ficaram, em média, oito horas no site. A média de tempo gasto com o segundo colocado, o Fotolog.com, que não é do Google, foi de apenas 22 minutos. Em todo o mundo, um dos sites de maior sucesso do Google é o Google Earth, que mapeia a Terra por meio de imagens de satélites. O site é utilizado por 200 milhões de pessoas e está disponível em 23 idiomas, incluindo o português. As imagens cobrem 30% da superfície terrestre e já contribuíram até para descobertas arqueológicas no Egito. Recentemente, foram acrescentadas ao Google Earth imagens de 100 milhões de estrelas e 200 milhões de galáxias.

O Google é conhecido por sua peculiar cultura corporativa. Ela inclui uma atmosfera descontraída, quase caótica, em seus escritórios, com comida e outros confortos inteiramente grátis. A empresa considera que qualquer idéia que torne a experiência de acessar a internet mais útil, ou mais agradável, vale a pena ser desenvolvida. Daí a velocidade com que lança produtos e os tira do ar. Em geral, são lançados em versão beta, ou seja, ainda em estágio de desenvolvimento, e podem ter vida curta. Foi o que aconteceu com o Lively, concorrente do Second Life, programa em que se criam ambientes virtuais. Lançado com barulho em julho deste ano, foi sentenciado a desaparecer quatro meses depois. O Google permite a seus engenheiros dedicar 20% das horas de trabalho a projetos particulares. Bem, alguma coisa mudou nos últimos meses, pois a empresa vem sentindo o peso da recessão. Os engenheiros já foram avisados de que não terão mais à disposição grandes equipes – de até vinte auxiliares – para desenvolver um único produto. A possibilidade de aumentar até 75% o preço pago pelos funcionários para manter os filhos na creche da empresa causou uma onda de protestos nos corredores da companhia. Desiludidos, muitos pais foram pedir emprego na concorrência.

Em seus primeiros meses de vida, mesmo com um público crescente, atraído pela eficiência de sua busca, o Google enfrentou um desafio: o de descobrir como ganhar dinheiro. Page e Brin rechaçavam a idéia de que a publicidade interferisse no conteúdo. Não queriam banners, filminhos ou qualquer outro tipo de anúncio comum aos portais e sites tradicionais. Foi então que a empresa lançou um conceito que revolucionou a publicidade on-line: os links patrocinados, hoje responsáveis por 97% de seu faturamento, que foi de 16,6 bilhões de dólares em 2007. Os links para os sites de anunciantes aparecem na mesma página que o resultado das buscas, em colunas separadas. Só abre o site do anunciante quem quiser. O anunciante só paga ao Google se alguém clicar no link. O preço de cada clique é determinado por um leilão: aparece no alto o anunciante que oferece mais pelo espaço. Segundo a Razorfish, uma das maiores agências americanas de mídia digital, o anunciante paga, em média, por cada clique em seu link no Google, 88 centavos de dólar nos Estados Unidos– o preço mais alto do mercado. Como não existe um valor mínimo fixado, não há restrições para o tamanho do anunciante. Pode ser tanto uma grande rede de supermercados quanto a padaria da esquina. Estimativas informam que até 30% do faturamento do Google vem de clientes pequenos, que provavelmente não conseguiram anunciar em outro meio de grande audiência.

Essa mesma estratégia é usada para cooptar parceiros e ganhar dinheiro também fora de sua página principal. Sites como o do jornal americano The New York Times cedem um espaço dentro de sua página para os links patrocinados do Google e, caso o leitor clique em um deles, o valor pago ao Google é dividido com o dono do site que o hospeda. Nos dois casos, a grande jogada da publicidade do Google é associar o conteúdo do anúncio ao tema da pesquisa. Quem procura informações sobre relógios verá links patrocinados relacionados a esse assunto. A seleção dos links patrocinados que aparecem no resultado da busca também se baseia no histórico de buscas feitas a partir de cada computador. Se quem usa o computador costuma acessar sites sobre carros e digita a palavra "golf", os links de anúncios serão do modelo da Volkswagen, e não do esporte que fez a glória de Tiger Woods. Esse recurso é possível porque, graças à invenção de Vinton Cerf, os computadores deixam seu IP gravado nos servidores que visitam. Além disso, para ter acesso à maioria dos serviços gratuitos da rede, os servidores exigem que os computadores dos clientes aceitem cookies, ou "biscoitos", o sugestivo nome dado a pequenos arquivos que capturam informações dos usuários, como as páginas que ele visitou ou quanto tempo passou em cada uma. Esse tipo de informação, fornecido por 710 milhões de pessoas por mês, dá ao Google um conhecimento extraordinário e inédito. No fundo, seu valor como empresa se deve principalmente a isso.

Toda a estratégia da empresa visa a ampliar sua capacidade de saber mais sobre mais gente em todo o mundo – e em tempo real. Não por outra razão, o Google quer liderar uma solução emergente na internet, conhecida como cloud computing, ou "computação nas nuvens". O neologismo surgiu com a dupla circunstância do investimento acima do necessário feito por empresas na capacidade de estocagem de dados digitais e a extraordinariamente rápida, eficiente e invisível interligação entre os computadores que guardam essas informações. Com muito espaço ocioso e capacidade de processamento de sobra, empresas como a Amazon, a Microsoft e a IBM decidiram "alugar" parte de seus computadores para outras empresas não tão dispostas a investir em máquinas e manutenção – mas com acesso rápido à rede. Por não se poder precisar exatamente em que servidor físico estão sendo estocados os dados ou rodados certos programas, convencionou-se dizer que isso ocorre "nas nuvens". O cloud computing ajuda a cortar custos com as constantes e inevitáveis atualizações dos equipamentos. E o Google está se posicionando para liderar esse novo serviço de internet.

"É possível ganhar dinheiro sem fazer o mal" é o mantra da empresa. Mas os temores quanto ao crescimento exponencial do Google e de seu banco de dados foram expostos em dezenas de livros que se publicam sobre a empresa, em sites e blogs. Uma amostra do poder que se concentra nas mãos do Google está nas atribuições do conselho jurídico do portal, coordenado pela advogada Nicole Wong. Cabe ao departamento decidir o que pode ou não ser exibido nos diversos sites do portal Google em cada país. Wong conduziu a negociação com o governo da China em que o Google aceitou bloquear, naquele país, buscas que a ditadura comunista considera indesejáveis, como referências à independência do Tibete. É o caso mais notório de uma concessão ao "mal". O Google tentou sanar a repercussão negativa batendo o pé do outro lado do mundo. Recentemente, o governo turco ordenou aos provedores de internet locais que bloqueassem o acesso ao YouTube por causa de vídeos que considerou ofensivos ao país. Wong propôs um acordo que consistia em bloquear o acesso a esses vídeos na Turquia. O governo não topou. Disse que queria o acesso aos vídeos bloqueados em todo o mundo. O Google se recusou a fazê-lo, alegando que um governo não pode estabelecer limites para a liberdade de expressão no mundo inteiro. Até a semana passada, os turcos permaneciam impedidos de acessar o YouTube.

O mais revelador nesse episódio é o tamanho do controle que o Google tem sobre os resultados das buscas e tudo o mais que existe em sua gigantesca teia de serviços. Wong e seu time escolhem o que pode ser exibido em serviços do portal como o Blogger, que abriga blogs, o Picasa, site de compartilhamento de fotos, e o site de relacionamentos Orkut. A norma é retirar o conteúdo que seja proibido em determinado país – sites nazistas na Alemanha, por exemplo –, mas manter esse conteúdo aberto para o resto do mundo. Considerando-se a tremenda audiência de todos esses componentes do complexo Google, a equipe de Wong tem mais controle sobre o universo das informações na internet do que qualquer outra pessoa ou empresa. De muitas maneiras, é a materialização do Big Brother, o sistema eletrônico que a todos espiona em 1984, o magnífico libelo contra o totalitarismo do inglês George Orwell. Talvez sem a mesma maldade (para usar a expressão preferida do Google), mas com igual potencial para o monopólio da verdade. Por definição, são ruinosos os monopólios e os impérios – como o romano, que também foi um generoso distribuidor de civilização e avanços tecnológicos em seu tempo. A cultura, a informação e o pensamento humano só avançam mesmo com liberdade e diversificação.

Design brasileiro no logotipo

Mabel Feres

Me ajuda, professora
Ruth Kedar: ela lecionava em Stanford quando um aluno, Larry Page, fundador do Google, lhe fez a encomenda

O logotipo com seis letras coloridas do Google foi criado por uma brasileira, a designer Ruth Kedar, nascida em Campinas, São Paulo, e radicada nos Estados Unidos desde 1985. Há nove anos, Ruth lecionava desenho gráfico na Universidade Stanford, na Califórnia, quando foi contatada por um aluno, Larry Page, um dos fundadores do Google. Então um ilustre desconhecido, Page lhe pediu que criasse uma marca para a companhia recém-fundada. "Pensei em cores alegres, que remetessem à satisfação em descobrir coisas novas", lembra Ruth. Ela não revela quanto recebeu pela criação, mas estima-se o valor em 15 000 dólares. O nome Google é um trocadilho com o termo matemático googol, que significa o número 1 seguido por 100 zeros. Foi escolhido por representar o objetivo da empresa, de organizar uma quantidade virtualmente infinita de informações. A marca do Google é tão forte que a empresa se permite brincar com ela nos chamados doodles (rabiscos, em inglês) que aparecem em datas especiais (veja alguns deles nesta página).

Comemoração da Independência do Brasil


Inauguração do acelerador de partículas LHC


Abertura da Olimpíada de Pequim


Aniversário de cinqüenta anos dos brinquedos Lego


Homenagem ao pintor francês Claude Monet


Desenho vencedor do concurso infantil "Crie um logotipo para o Google"

2009 chegou

Pensem nas crianças que estão pra nascer na faixa de Gaza hoje.

Pensem nas que nasceram ontem.

Pensem naquelas que já fizeram um mês.

Pensem nos que ja assopraram uma velinha apenas.

Mas a guerra da dinheiro.

 

Ataque de Israel

Em 2009 ainda existe essa barbaridade.

A ONU mostra mais uma vez que é “Frouxa”, “Banana”, Incopetente!

Americanos e Israelenses se mostram cada vez mais “Mediocres” e sem capacidade política.

 

Imagens retiradas de um site Russo.