O tempo passa e a gente nem percebe.
Viva a vida!
Tadeu
Uma médica responsável pela central de regulação de leitos no Rio de Janeiro teve a prisão decretada por um juiz por não garantir a internação de uma paciente em estado grave. Tem gente que comemorou a decisão. Besteira.
A causa aparente de um problema na fila de um hospital pode até ser um servidor incompetente, relapso ou que tentou e não conseguiu cumprir o seu dever por falta pontual de estrutura e recursos. Mas a responsabilidade pela falência do sistema é política e não técnica. É o sistema público de saúde que não consegue garantir um atendimento mínimo de qualidade à população. Ou seja, em última instância, a culpa deveria recair sobre quem foi eleito para isso e não conseguiu (ou não quis) alocar recursos ou fazer cumprir leis para diminuir o sofrimento da população.
Da próxima vez, a Justiça poderia expedir uma ordem de prisão para os governadores do Rio de Janeiro – o atual e os que já passaram pela cadeira. O mesmo vale para outros cargos municipais e federais, de hoje e de ontem. Mas aí teríamos uma situação paradoxal. Afinal de contas, no dia em que o Estado tratar como iguais pessoas de classes sociais e econômicas diferentes, com certeza não precisaremos prender ninguém por conta da falta de leitos em um hospital.
Seria populismo e demagogia, é claro. Mas, ao mesmo tempo, historicamente pedagógico e até transformador se os ocupantes de cargos públicos eletivos fossem obrigados a utilizar apenas o Sistema Único de Saúde (SUS) em caso de doença ou emergência…
Blog do Sakamoto
Esse video foi produzido num esquema muito interessante de filmagem e fotografia.
Realizou a conexão entre a animacao e o quarto dele. Uma viagem!
Tenho amigos que não sabem o
quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes
devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais
nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar,
embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e o quanto
minha vida depende de suas existências ….
A alguns deles não procuro, basta-me
saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir
em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com
assiduidade, não posso lhes dizer o
quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica
e não sabem que estão incluídos na
sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta
que os adoro, embora não declare e
não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem
noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis
ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte
do mundo que eu, tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do
meu encanto pela vida.
Se um deles morrer,
eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho,
porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos
sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de
lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer …
Se alguma coisa me consome
e me envelhece é que a
roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam
ou talvez nunca vão saber
que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.
(Vinícius de Moraes)
Um homem passa pela porta do plenário do Senado e escuta uma gritaria que saia de dentro:
“Filho da P***, Ladrão, Salafrário, Corrupto, Falsário, Oportunista, Chantagista, Assassino, Traficante, Mentiroso, Vagabundo, Sem Vergonha, Trambiqueiro, Preguiçoso de Mer**, Vendido, Assaltante.. .”
Assustado o homem pergunta ao segurança parado na porta:
“O que está acontecendo ai dentro? Estão brigando?”
“Não” - responde o segurança:
- “Estão fazendo a chamada."... .
gente que é gente
chora a toda hora
não faz como eu
que estou rindo agora
.
gente que é gente
ri por qualquer motivo
nem parece eu
que choro de aperitivo
.
gente que é gente
faz drama por qualquer coisinha
não é como eu
que cheguei ao fim da linha
.
gente que é gente
morre de medo
não sabe como eu
que a morte não tem segredo
escrevo como quem vomita
só que às vezes ponho pra fora
o que não comi
mas deixei na marmita
Cuidado com os simpáticos e cordiais, sempre advirto minhas filhas, e mais ainda com os bajuladores e paparicadores: são condições básicas necessárias para o exercício da canalhice. Claro, se além de canalha o cara é antipático, grosso, mal-educado, fica bem mais difícil encontrar vítimas para suas canalhices. Poderá ser apenas um bandido óbvio. Canalhas não, eles podem ser vistos até como pessoas “respeitáveis”, podem ser muito queridos pela família, pelos amigos e aliados, que se beneficiam das suas canalhices, sem passar vergonha na rua, na escola e no trabalho. É o canalha gente boa.
Nada contra a simpatia ou a cordialidade, pelo contrário, com elas a vida e a convivência se tornam muito mais agradáveis, civilizadas e produtivas, e me esforço diariamente para usá-las como um estilo de vida. Não uma arma.
Assim como o psicanalista Helio Pellegrino dizia que a inteligência voltada para o mal é pior do que a burrice, a simpatia e a cordialidade, quando usadas para o exercício da canalhice, são piores do que a secura e a dureza no trato. É o estilo preferido dos políticos brasileiros, dos grandes ladrões públicos, dos oligarcas que enriquecem com a política, mas não abrem mão de uma aura de respeitabilidade e prestígio – que os permite continuar nas canalhices.
São pessoas aparentemente doces e carinhosas, paizões e vovôzinhos, que defendem o clã em qualquer circunstância. São generosos e tolerantes com familiares, amigos e agregados, mas sempre com o dinheiro público. São contadores de causos pitorescos, gostam de citar provérbios populares de suas regiões, aparentam simplicidade interiorana, mas são raposas urbanas vorazes e vaidosas. Espertos, bem informados e maledicentes, são fontes disputadas por jornalistas, que em troca os poupam de maiores críticas. Católicos fervorosos, mantêm laços estreitos com o candomblé, mas jamais o admitem.
Eles são muitos, estão no Senado, na Câmara, em altos cargos da administração pública, estão todos ricos, poderosos e impunes. Em Brasília, os que os conhecem pessoalmente confirmam que são simpáticos e cordiais. Embora canalhas.
Fonte: Nelson Motta