quinta-feira, 27 de junho de 2024

Domingo

 


O domingo se arrasta como um cão preguiçoso, cada minuto um peso nas minhas costas. Zeus, o meu Dachshund preto, fareja o chão em busca de migalhas imaginárias, a única coisa que parece se mover nessa casa.

A geladeira, vazia como a minha carteira, guarda apenas uma Coca-Cola de 2 litros, meu único companheiro nesse dia cinzento.

Três filhos, espalhados por aí com suas vidas, me mandam mensagens de vez em quando, como fantasmas ecoando em um passado distante. A saudade aperta, mas a grana que falta aperta mais.

Sou um pai separado, um lobo solitário em um mar de lembranças. A vida me jogou nesse beco sem saída, e a única saída que vejo é a próxima dose de Coca-Cola, anestesiando a dor por algumas breves horas.

Mas no fundo, sei que a dor sempre volta. É o preço que pago por ter amado demais, por ter entregado tudo e ter ficado com as mãos vazias.

Então, levanto, abro a geladeira, e tomo um gole da Coca-Cola morna. O sabor doce e amargo me lembra da vida que eu vivo, uma mistura de doçura e amargura, de amor e solidão.

E assim, sigo em frente, um domingo de cada vez, com Zeus ao meu lado e a Coca-Cola na mão, esperando que o próximo dia traga algo diferente.


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