“As mentes são como pára-quedas: só funcionam se estiverem abertas.” (Ruth Noller – Pesquisadora da Universidade de Buffalo)
Você está satisfeito com sua criatividade?
O que você faz quando precisa ser mais criativo?
A revista NewScientist publicou, no último dia 30 março, um estudo que avalia o funcionamento cerebral de 72 voluntários. Ele sugere que quanto mais lenta a comunicação entre algumas áreas do cérebro, mais criativa uma pessoa se torna. Esse ritmo mais lento permite conexões entre idéias muito diferentes.
Em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Rex Jung, professor do departamento de Neurocirurgia da Universidade do Novo México (EUA), um dos autores desta pesquisa, disse:
“A idéia criativa é normalmente descrita como algo vindo de um processo lento (ao tomar banho, ao acordar de um sonho, etc.). Parece que esses pensamentos mais lentos permitem que mais ‘nós’ do cérebro sejam conectados em formas mais novas e úteis, em contraste com o processo rápido de raciocínio que permite a alguém ter rapidamente uma resposta ‘certa’: a que já é conhecida”.
Para entendermos como isso funciona na prática, basta olharmos para uma criança. Eu tenho um filho de seis meses, e esta semana brincando com ele no chão da sala observei quando ele viu o jornal que estava em cima do sofá. Imediatamente ele engatinhou, ou melhor rastejou, pois ainda não sustenta o peso do corpo nos joelhinhos, e esticou o braço direito para alcançá-lo mas perdeu o equilibrio e caiu. Logo comentei com meu marido, que assistia a cena, “Ele acha que irá pegar o jornal, vê se pode? …” . Ele tentou uma, duas, três vezes sem sucesso, até que na quarta vez descobriu que esticando o braço esquerdo, que estava apoiado no chão, o direito poderia alcançar o jornal, e assim o fez.
O que pude aprender com essa situação foi:
- Para sermos criativos devemos ter claro o que queremos atingir.
- A necessidade fornece impulso positivo para o desenvolvimento de soluções criativas.
- Temos que ter muito cuidado com nossas crenças (Ele acha que irá pegar o jornal …), pois as irracionais podem duvidar da capacidade de se atingir o objetivo e “cortar” o fluxo criativo do pensamento.
- Criatividade tem a ver com explorar o desconhecido, e para isso precisamos ter em mente que frequentemente podemos errar. Tentar e errar faz parte do processo criativo.
O que acontece é que muitas vezes pelo receio do fracasso, nós adultos, acabamos não insistindo diante uma falha, ou pior, às vezes nem tentamos.
Só que cada vez que temos um resultado malsucedido, mais enriquecemos nossa percepção pois estabelecemos mais ligações de causa e efeito e mais identificação de correlações. Thomas Edison dizia: “Eu não fracassei, apenas encontrei 10.000 maneiras que não funcionaram”.
Alguns obstáculos para a criatividade:
- No ambiente competitivo e aceleradíssimo em que vivemos hoje, temos a tendência de ficar no piloto automático para decidir, quase tudo, de forma mais rápida;
- Dificuldade em lidar com a frustração de errar antes de acertar;
- Sair da zona de conforto se está tudo bem com meu trabalho. O ser humano tem a tendência de poupar toda e qualquer energia para se preservar.
- Somos educados para não sermos criativos, ao longo de nossa vida, nos diversos ambientes ao nosso redor, nos deparamos com muitos bloqueios mentais que podem inibir a nossa criatividade: família, escola, empresas, etc
A boa notícia é que da mesma forma que fomos educados para não sermos criativos, podemos nos propiciar um caminho inverso. Para isso é importante que nos desafiemos continuamente e estejamos preparado para quebrar alguns paradigmas (e eventualmente a cara)…
De acordo com o professor da Richard Florida, da Universidade de Carnegie Mellon, em Pittsburg na época atual a capacidade de realizar as tarefas corretamentes não é mais a mercadoria que os empregados vendem às empresas. Na era criativa, diz Florida, as pessoas vendem, acima de tudo, sua capacidade de pensar.
Então, vamos para a prática.
Como posso desenvolver mais a criatividade em meu dia a dia?
- Seja curioso: evite reproduzir tarefas mecânicamente, isto faz parte dos papéis e responsabilidades de uma máquina. Busque as causas, os porquês, as implicações.
- Dedique-se a algo para o qual não foi treinado. Fale com pessoas que não pertençam a seu círculo profissional para abrir seu angulo de visão. Identifique uma habilidade extra-profissional que ajudará muito a interpretar as oportunidades de maneira diferente.
- Questione. Não existe inovação sem as perguntas: Por que ? Por que não ? E se ?. Peter Drucker já dizia que o importante não é ter as respostas certas mas saber fazer as perguntas corretas.
- Bom humor ajuda a olhar os problemas de maneira diferente
- Seja ousado. Pense naquilo que deve ser feito para satisfazer as causas dos problemas e não no que é permitido ser feito. As conciliações, adaptações e concessões fazem parte de uma segunda etapa.
- Invista em ter idéias: associe, combine, modifique, adapte, aumente, diminua, substitua, reorganize, inverta as idéias que você têm. As combinações são infinitas. Steve Jobs costuma falar “Criatividade é conectar as coisas”
- Faça outra coisa quando as idéias de esgotarem. Um café, uma caminhada, um banho relaxante favorecem a mudança de foco, a busca de outra perspectiva.
- Nunca se contente com a primeira idéia que lhe ocorrer. Busque outras, outras e muitas outras e escolha a melhor.
- Estimule seu cérebro também nas horas de lazer. Leia bastante, frequente cinema, teatro, exposições, toque um instrumento musical, viaje para conhecer outras culturas e tenha um hobby que exige atenção constante (esporte radical, jogos de computador, etc…).
Lembre-se, o núcleo do processo de aprendizado é a transformação de ações inefetivas em ações efetivas. Para isso é preciso encarar de frente uma situação insatisfatória presente para transformá-la em uma oportunidade de desenvolvimento e AGIR para transformá-la em satisfatória. Este é o circulo virtuoso que me trará mais tranquilidade, confiança e CRIATIVIDADE!
E você o que fará para aumentar sua criatividade no dia a dia?
Um abraço e conte com meu apoio !
Para saber mais:
- Um “Toc” na Cuca – Roger Von Oech, Editora de Cultura, 1988
- The Rise of the Creative Class. Richard Florida. Editora Basic Books – 2004
- Creative Mind. Margaret A. Boden. Editora Routledge-USA – 2003
A autora convidada da série de artigos sobre Competências, Patrícia Wolff, atua como coach executivo e de equipe, conferencista em Desenvolvimento Humano e é diretora da Quantas Consulting.
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