lá fora, é bem diferente
não tenho nenhum controle
em último ou na pole
ser rico ou um indigente
que diferença faria?
eu respiro poesia
dia e noite, noite e dia.
uns dizem que vivo à parte;
outros, que isso é arte.
certo, pra mim, tanto faz.
pro resto, sou incapaz,
melhor que ser um requião
um malucelli pagão.
devo poemas apenas
a alguns dos mais belos temas:
essa araucária copada
com seus braços para o céu
apesar de ser amada
não lhe tirei meu chapéu
nem à gralha que azulou
mas sei o que se passou:
os rombos na previdência,
a perda de consciência
dessa juventude nula
que além de burra, é mula.
boi de piranha, antes,
presunto de traficantes
na calada dessa noite,
onde não cabem mais dois
na história que vem depois.
os casais brigam de foice
e os filhos da vida correm
entre esses zumbis passantes
no caminho que constroem
cemitérios de elegantes.
são ossaturas disformes
que não atendem por nomes
mas são marcados por grifes
e controlados por chips
bah! este mundo já era!
aqui nessa barreirinha
respiro outra atmosfera
é a uva que me adivinha
é o brinde com os amigos
muitos abraços e abrigos
poe conversa com leminski
baudelaire é bom de ler
mallarmé puro requinte
aqui não pago pra ver
o rei é real, pode crer!
polaco da barreirinha
Nenhum comentário:
Postar um comentário